Arquivo para 24 de maio de 2011

O Rei e O Cadáver – 2º ATO – Cena 2 da 1ª PP (O Príncipe e a Donzela)

Cadáver: Ao chegarem no reino onde a Donzela vivia, os dois amigos procuraram um local para dormirem e se alimentarem. Depois de algumas horas, encontraram uma hospedaria, onde uma velha senhora era dona. Em menos de um dia, os dois amigos passaram a pagar a Velha Senhora, para que ela servisse de mensageira para o Príncipe e sua Donzela.

(Abrem as cortinas. Amigo e Príncipe em um quarto. Príncipe sentado na cama. Amigo de pé indo a direção da porta. Há alguém batendo).

Amigo: (Abrindo a porta para a Velha Senhora). Bom dia, senhora! Está bela como sempre! Seja bem vinda! Traz notícias?

Velha Senhora: (Sorrindo). Como é bom ser tão bem recebida logo de manhã! Você é muito gentil, meu jovem. Trago notícias sim! Tenho uma carta para o Príncipe.

Príncipe: (Levantando-se com ansiedade). Você me faz muito feliz, gentil senhora!

Velha Senhora: (Rindo). Não, meu jovem! Não sou eu quem faço você feliz! Mas essa carta que traz notícias de seu amor! (Ela entrega a ele, que a abraça e a beija no rosto).

Príncipe: Muito obrigado por todo o trabalho que está fazendo por mim.

Velha Senhora: Não se preocupe, aceitei fazer esse trabalho, não é mesmo? (Ela se vira para sair do quarto). Agora vou deixá-los a sós para que você leia a carta em paz, Príncipe.

Príncipe: (Abrindo a carta). Grato. (Ele tentar ler, mas não consegue). Não consigo entender. (Entrega a carta ao amigo).

Amigo: (Observa a carta por um tempo). Mmm… Está em código. Talvez ela esteja fazendo isso para manter segredo sobre a relação que quer ter com você.

Príncipe: (Pensativo). Faz sentido. Afinal, sou um Príncipe e ela, filha de mercadores.

Amigo: (Lendo a carta). É. Pode ser (Termina de ler a carta). Ela está marcando um encontro. (O Príncipe desperta de sua reflexão ansioso por detalhes. Eles conversam sem fazer sons, pois a voz do Cadáver sobrepõe).

Cadáver: Sabendo dos detalhes de como adentrar os jardins da casa da Donzela e de como chegar ao seu quarto sem ser notado, o Príncipe partiu para seu encontro.

(A luz diminui no palco. Sai o Amigo de cena. Todas as mudanças do cenário são feitas rapidamente. No quarto da Donzela está apenas ela, a luz volta a ser forte. A donzela está ansiosa, aguardando o Príncipe).

Cadáver: Seguindo todas as instruções corretamente, o Príncipe chega ao quarto de seu amor. (O Príncipe entra em cena).

Príncipe: (Apaixonado). Finalmente nos conhecemos meu amor.

Donzela: (Apreensiva, se aproximando dele e segurando suas mãos). Pensei que não conseguiria passar pelos guardas do portão, meu amado.

Príncipe: (Sorrindo e a abraçando). Faria de tudo para poder vê-la!

Donzela: (Mesmo estando gostando do abraço, a Donzela se afasta um pouco, como se estivesse incomodada com algo).

Príncipe: (Preocupado). O que foi?

Donzela: Ainda nem o conheço direito, – mesmo que eu sinta que já nos conhecemos a anos -, ainda assim devo saber mais de você…

Príncipe: (Solta uma breve risada e relaxa).

Donzela: … e você mais de mim.

Príncipe: O que você quer que eu lhe conte?

Donzela: Diga-me de onde vem, qual sua casta, o que faz em sua vida.

Príncipe: Venho de… (Eles continuam interpretando como se estivessem conversando quando entra a voz do Cadáver).

Cadáver: Então o Príncipe lhe contou seus antecedentes. Deu-lhe detalhes do que já fez, do que fazia e de seus planos.

Príncipe: Creio que isso é tudo. E você? O que tem a me contar?

Donzela: (Ficando preocupada). Bem… eu estou prometida em casamento para um nobre que não conheço. (Se aproximando do Príncipe e segurando suas mãos). Não quero isso para mim, quero ficar com você.

Príncipe: (Empolgado). Fiquemos juntos então!

Donzela: (Negando com a cabeça. Com tristeza). Não posso! Meus pais ficariam arrasados!

Príncipe: (Condescendente). Pensaremos em algo.

Donzela: (Animada). Sim meu amor! Nós somos inteligentes! Juntos ainda mais! (O Príncipe ri, a Donzela sorri). Não estou brincando. Criei códigos que achei que você não decifraria. Na verdade, fiquei muito preocupada que você não decifrasse! E você decifrou!!!

Príncipe: (Rindo sem graça). Faltou eu lhe contar uma coisa. (Diz envergonhado soltando a mão da princesa e olhando para outra direção dando uma pequena pausa). Não fui eu quem decifrou seus códigos, foi meu amigo e conselheiro. (Sem que o Príncipe veja, ela o olha com grande preocupação, ela se recompões um pouco antes dele se virar para ela). Espero que isso não afete o amor que você sente por mim.

Donzela: (Com sinceridade). Não meu amor! Não afetou! (Eles se abraçam).

Príncipe: (Afastando um pouco seu abraço). Creio que é melhor eu ir. É perigoso eu ficar aqui por tanto tempo, seus pais podem desconfiar de algo.

Donzela: Você tem razão.

Príncipe: Combinaremos um novo encontro em breve, minha amada. (Ele beija as mãos da Donzela e vai até a janela pela qual entrou). Até mais.

Donzela: Até mais, meu amado! (A Donzela fica um tempo olhando para a janela com olhar apaixonado e suspira). Finalmente encontrei o amor da minha vida. (Mas logo seu olhar apaixonado começa a mudar para uma feição muito preocupada). Mas o amigo dele está sabendo sobre nosso relacionamento. E se ele estragar tudo? E se ele contar algo aos meus pais ou a qualquer outra pessoa? (A preocupação torna-se quase um desespero). Não posso deixar que isso aconteça! (Quase chorando). Ele não pode viver…

Cadáver: Preocupada, e ao mesmo tempo apaixonada, ela não conseguiu dormir aquela noite e passou toda a madrugada, planejando como matar o amigo do seu amado, sem que esse soubesse de seu envolvimento nesse ato tão vil.